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Convento do Carmo

O Convento e a Igreja do Carmo fazem parte de uns dos conjuntos arquitetônicos mais importantes de Alcântara. Foram fundados no século XVII pela Ordem dos Carmelitas Calçados. Estão localizados à beira-mar, na região central da cidade, em frente as ruínas do Palácio do Imperador. A igreja continua funcionando e conservada, enquanto o convento, que fica ao lado, encontra-se em ruínas, processo que começou desde o século XIX, quando a ordem religiosa que o fundou foi despojada de seus bens no Maranhão. Desde o século XVII, a presença de ordens religiosas em Alcântara é marcante. Muitas fontes que ajudam a contar a história da cidade são de relatos de padres dessas ordens. A Ordem dos Carmelitas Calçados fundou, entre os anos 1646 e 1665, a Igreja e o Convento do Carmo. De acordo com o autor Grete Pflueger (2008), as igrejas foram construídas em locais que tivessem fácil visibilidade do litoral, para suas torres serem avistadas pelas embarcações. Assim, formaram-se três conjuntos urbanos, um deles (o segundo) é o do Largo do Carmo, com a igreja e o convento, localizado em um terreno destacado à beira-mar. A Igreja e o Convento faziam parte da tríade religiosa, junto com das Mercês e da Matriz, que orientou as direções da construção urbana de Alcântara no século XVIII. Em 1865 houve uma restauração nesse conjunto arquitetônico. Atualmente o convento encontra-se em ruínas, processo que aconteceu desde o ano 1890, quando a ordem dos Carmelitas Calçados perdeu todos os seus bens no Maranhão. A igreja funciona até hoje e se mantém em conservação, foi feita em estilo barroco, com seu altar todo revestido em ouro e com pinturas da época.

 

Fontes/bibliografia:

 BRASIL. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos nacionais: norte, nordeste e centro-oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.

LOPES, Antônio. Alcântara: subsídios para a história da cidade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1957.

PFLUEGER, Grete. De Tapuitapera a Villa d’ Alcantara: cidades portuguesas, planejadas ou espontâneas? Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada. Olinda, 2008.

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

 

Casa de Câmara e Cadeia

Localizado na região central de Alcântara, na praça da Matriz, que tem também o Pelourinho e as Ruínas da Igreja de São Matias. Faz parte de um dos três conjuntos urbanos que orientaram a organização da cidade, sendo o primeiro da Praça da Matriz, que fica de costa para o mar. Esse conjunto arquitetônico foi a mais importante expressão da ocupação portuguesa e da vila de Santo Antônio de Alcântara, sendo considerado o seu coração. De acordo com Grete Pflueger (2008), a Casa de Câmara e Cadeia foi inicialmente edificada de taipa, em caráter provisório, sendo seu prédio erguido apenas em 1759. É importante destacar que não há um consenso entre os autores sobre o ano de edificação. Sua construção também tem a ver com a elevação do arraial da vila, pois, era uma exigência legal. Até primórdios do século XX funcionava como sede do Poder Legislativo Municipal e cadeia da cidade. Em 1948 transformou-se em Penitenciaria Estadual, tendo funcionado até 1965, período que coincide com o tombamento da cidade. Esse fato fez com que vários habitantes se afastassem da cidade. A implantação da penitenciária, segundo a memória popular, ajudou a intensificar o período decadente de Alcântara, geralmente os discursos fazem a comparação a um período imperial áureo e a uma cidade que foi entrando em ruínas e ficando silenciada. Em 1965 a penitenciaria foi transferida para São Luis e o imóvel não foi ocupado devido ao seu estado de deterioração. Nos anos de 1970 e 1980 foi restaurado pelo Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico, voltando depois da reforma a funcionar os poderes Executivo e Legislativo de Alcântara. Na fachada do prédio tem o brasão da Vila de Alcântara, ao adentrar tem a parte com as antigas celas e solitárias, da sua varanda é possível ter uma bela vista do litoral e ilha do Livramento.

Fontes/bibliografia:

BRASIL. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos nacionais: norte, nordeste e centro-oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.

LOPES, Antônio. Alcântara: subsídios para a história da cidade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1957.

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.

PFLUEGER, Grete. De Tapuitapera a Villa d’ Alcantara: cidades portuguesas, planejadas ou espontâneas? Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada. Olinda, 2008.

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

Terreiro do Egito

Construído no século XIX, o Terreiro do Egito é uma das mais antigas casas de culto afro de São Luís, sendo referência litúrgico religiosa e de ancestralidade para pais e mães de santo que nasceram no chão daquele axé. As festas eram realizadas no fim do ano, para comemorar a chegada do navio encantado de Dom João. Acredita-se ainda que antes da abolição, a localidade era um quilombo e que ficava numa ponta de terra por trás do local onde foi construído o Porto do Itaqui, também chamado de Ponta do Quilombo do Egito. O terreiro foi extinto em 1970 devido ao falecimento da última mãe de santo, Mãe Pia, e hoje embora não tenha edificação é reconhecido como sagrado e frequentado por adeptos da religião. “O Egito está extinto como casa material, mas como casa espiritual continua vivo, enquanto tivermos um filho dessa Casa com o culto em expansão” (OLIVEIRA, 1989, p.34). Há controvérsias sobre a existência dessa casa, tendo em vista que não há edificação devido sua frágil construção, era “coberto e tapado de pindova, […] com os participantes alojados em abrigos de palha, construídos no local ano a ano.” (Ferreira, 1997, p.51) também não há referência documental que ateste seu funcionamento, contudo o escritor maranhense Dunshee de Abranches no livro “O Cativeiro” afirma que no século XIX havia quilombos nessa região conhecida como cajueiro, informação que dialoga com as falas dos defensores de sua existência. Atualmente a comunidade vem passando por problemas de reconhecimento e corre risco de ser desapropriada para a construção de um porto, diante dessa delicada situação, desde 2015 o espaço passa por intervenções do grupo de pesquisa GPMINA (Núcleo de Religião e Cultura Popular) e pelo GEDMMA (Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente) ambos vinculados à UFMA (Universidade Federal do Maranhão). O terreiro do Egito funcionou até o falecimento de Mãe Pia, sua última chefe. Pai Euclides da Casa Fanti-Ashanti, em seus escritos de memória e em entrevistas registradas em pesquisas alegou que essa Casa de culto era chamada de Ilê Nyame e que foi fundada em meados de 1860-70 por Basília Sofia, uma negra, cujo nome privado era Massinocô Alapong, vinda de Cumassi, Costa do Ouro, atual Gana. Ela teria chegado à São Luís em 1864 e falecido em 1911, “antes de abrir o seu terreiro, Basília Sofia (Massinokou) fora escrava e teria estado na Bahia. Após conquistar a liberdade veio para São Luís, onde teria inicialmente residido e dançado, por algum tempo no terreiro de Pai Cesar (já desaparecido)” (FERREIRA, 1997, p. 97). A partir de 1912, o Terreiro passou a ser chefiado por outra negra, chamada Maria Pia, que o liderou por cinquenta e cinco anos. Pai Jorge, do YlêAshéYemowa- Abê ou ‘Casa de Iemanjá’, narra que o Terreiro do Egito era Jeje-Nagô e Cambinda sendo responsável pelo surgimento de várias linhas de encantados no Tambor de Mina (Família de Marinheiros, Botos, Sereias, Bandeira, Gama, entre outras). Diz também que esse terreiro foi assentado por velhas africanas com os voduns: Lissá, Vó Missã, Navezuarina, Xapanã, Ewá e Toy Averequete, se configurando assim como memória viva de muitos outros que surgiram depois. O espaço onde ficava o terreiro é reconhecido como sagrado por adeptos da umbanda, candomblé, mina e terecô e permanece sob a sombra de pés de caju, na comunidade do Cajueiro que hoje luta contra a instalação de um porto privado pelas empresas WPR e WTorres. O Cajueiro é uma comunidade rural próximo à Vila Maranhão, onde residem tradicionalmente pescadores e agricultores que estão lá desde o tempo de seus ancestrais, diante disso os moradores almejam o seu Registro como território tradicional de descendentes de quilombolas e pais e filhos de santo do tambor de mina do Maranhão pleiteiam a transformação do território em espaço sagrado das tradições religiosas afro-maranhenses. Alguns moradores afirmam, assim como Pai Euclides e Pai Jorge, que inúmeros praticantes do Tambor de Mina da ilha de São Luís e de outras regiões frequentavam o Terreiro do Egito, um lugar onde poderiam realizar seus cultos em paz, uma vez que este ficava afastado da cidade, para onde se deslocavam principalmente de embarcações, dada a dificuldade de acesso por terra naquela época. A festa ocorria na virada de 12 para 13 de dezembro, quando os (as) encantados (as) apareciam e avisavam que o navio iria chegar, e ao som dos tambores e cânticos, avistava-se o Navio de D. João. Os registros apontam que Pai Euclides é da primeira geração dos descendentes do Terreiro do Egito e ficou responsável pela Casa Fanti-Ashanti até 2015 quando faleceu. Há, entretanto, outros da primeira geração que por sua vez foram constituindo seus próprios terreiros e criando novas gerações de mães e pais de santo.  Para citar alguns pais e mães de santo da primeira geração do Terreiro do Egito, temos Mãe Margarida Mota (Lira), Pai Jorge Itacy de Oliveira (Fé em Deus), Pai Manuel Curador (Pão de Açúcar), Pai Zacarias (Maioba), Memê (de Guimarães), Rafina (do Cajueiro), todos (as) já falecidos (as), mas que seus descendentes continuam a manter viva a religião e a memória destes. A luta em defesa pela preservação e reconhecimento como lugar sagrado do Terreiro do Egito é uma batalha que vem sendo travada há décadas, pelo povo de santo e pela comunidade, que defendem a ideia de que não querem sair do lugar onde nasceram, cresceram e se tornaram comunidade: são pescadores e pescadoras, lavradores e lavradoras, extrativistas, são povos tradicionais, remanescentes de quilombos. Atualmente a maioria dos moradores do Cajueiro pertence a diversas igrejas de vertentes neopentecostais, contudo, estão juntos para lutar pela preservação, como assegura Sergio Ferretti “alguns afirmam que frequentavam o Terreiro do Egito, que viram o navio encantado, que dançavam ou tocavam. Outros que iam para tocar e beber.” (FERRETTI. S, 2016, p.03)

Fonte/Bibliografia

ARTHUR, Márcio. O navio encantado de Dom João. Blog Encantaria do Maranhão. http://discmarcioarthurhotmailcom. blogspot.com.br 12/12/2012. Acesso em 25/04/2017.

FERREIRA, Euclides (Talabyan). Tambor de Mina em conserva. São Luís: Casa Fanti-Ashanti, 1997.

________. Itan de dois terreiros nagô. São Luís: Casa Fanti-Ashanti, 2008.

FERRETTI, Mundicarmo. Entrevista com Zé Lutrido. Guimarães, 12/11/1994.

________. Entrevista com Pai Euclides. São Luís: EDUFMA, GEDMMA/UFMA –– 10/10/2014

Relatório Sócio antropológico – RESEX de Tauá-Mirim. São Luís, 2014.

________. O terreiro do Egito e o navio encantado de Dom João In:

Boletim da Comissão Maranhense de Folclore. Número 59, p. 09-14, dezembro de 2015.

FERRETTI, Sergio. O Egito na memória da comunidade do cajueiro In:                   Boletim da Comissão Maranhense de Folclore. Número 60, p. 03-09, junho de 2016.

OLIVEIRA, Jorge Itaci de. Orixás e voduns em terreiros de Mina. São Luís: Ed. VCR Produções e Publicidades, 1989.

 

Pesquisador responsável: Reinilda Oliveira

Fotografia imagem: Acervo: Museu afrodigital do Maranhão

Terreiro de São Benedito/Terreiro do Justino

Fundado em 10 de agosto de 1896, por Maria Cristina Baima, da afamada Casa de Nagô, o Terreiro de São Benedito ou terreiro do Justino é um dos mais antigos de São Luís que ainda continua em funcionamento e realiza diversas festas ao ano. Embora o nome faça referência ao Justino, esposo de uma das mães de santo, a casa sempre esteve chefiada por mulheres. Como tradição de matriz africana, esse terreiro resiste, inventando e re-inventando sua tradição para manter-se. Atualmente está sob o comando de Raimunda Venância Souza Viegas (Dona Mundica) e além da Mina, são também realizados trabalhos de Cura/pajelança e sessões astrais (espíritas). Tem como entidades espirituais principais Averequete, Maria Bárbara Soeira e Iemanjá e é comandada pela entidade cabocla denominada Salineiro, da família de Rei do Junco.Fundado ainda no Século XIX, o Terreiro de São Benedito ou terreiro do Justino é um dos mais antigos de São Luís que ainda continua em funcionamento e realiza diversas festas ao ano. A casa vem buscando reconhecimento enquanto patrimônio imaterial há alguns anos, como forma de preservar sua memória. Em depoimento cedido à pesquisadora Marilande Abreu, que desenvolve pesquisa na casa, Dona Mundica, atual chefe, destaca: “queria muito que o terreiro fosse tombado como a Casa das Minas e Casa de Nagô, só nós três tamo de pé até agora, desse tempo mais antigo”. Segundo relatos orais esse terreiro foi fundado em 10 de agosto de 1896, por Maria Cristina Baima, da Casa de Nagô. Funciona no bairro da Vila Embratel, atrás da Universidade Federal, e está localizado em um terreno que outrora era um grande sítio; contudo sofreu inúmeras invasões. Atualmente está sob o comando de Raimunda Venância Souza Viegas (Dona Mundica), que reside na casa e a chefia desde que morreu a terceira chefe, dona Antônia, que a iniciou. Dona Mundica recebe entre outros o vodun Pai Averequete e o caboclo Seu Salineiro. Além da Mina, na casa são também realizados trabalhos de Cura/pajelança e sessões astrais (espíritas) e tem como entidades espirituais principais Averequete, Maria Bárbara Soeira e Iemanjá e é comandada pela entidade cabocla denominada Salineiro, da família de Rei do Junco. Realiza várias festas ao ano como a tradicional queima de palhinhas do presépio, Bancada das Tobossis (entidades femininas – senhoras), Aleluia, Festa do Divino, São João, São Pedro, Santana, São Benedito, Cosme e Damião, São Francisco, Santa Bárbara, Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia, Dia de Todos os Santos. Abreu assegura que “a busca de um terreiro pelo reconhecimento como patrimônio imaterial é legítima e necessária para que outras vozes possam ser ouvidas na pluralidade de práticas culturais que constituem a identidade nacional.” (ABREU, 2015, p.13) Assim, se a ideia de patrimônio está atrelada a uma comprovação histórica de um grupo que deixou sua memória, a referida casa de culto, sendo uma das mais antigas, juntamente com a Casa das Minas (Tombada pelo IPHAN) e a Casa de Nagô, (tombada pelo Estado/SPC) merece ser pensada como tal, assim como o extinto Terreiro do Egito. Além do mais a atual chefe, não preparou sucessora, o que pode culminar no desaparecimento do culto. Inclusive, “trabalhos etnográficos indicam a importância histórica e antropológica do Terreiro do Justino, […]. O terreiro apresenta aspectos materiais e imateriais importantes para a cidade de São Luís e para a história dos afrodescendentes.” (ABREU, 2015, p.06). Ainda de acordo com Abreu, na década de 1970, a Universidade Federal do Maranhão, já instalada no centro da capital, recebeu através de doação da arquidiocese de São Luís\MA, um terreno para fundar o campus e ampliar o número de cursos. Nessa área residiam inúmeras famílias que foram desabrigadas e deslocadas para a instalação da universidade no lugar onde atualmente localiza-se a cidade universitária. […] Na década de 1970, os políticos e a direção da UFMA garantiram que dariam novas casas para os desalojados, mas como não o fizeram, um número de famílias migrou para a área do terreiro e construíram suas moradias.  Em consequência dessa ocupação, outras vieram, e atualmente o terreno dessa casa de culto se reduz a uma pequena área verde, em meio a barrancos, escuridão e medo, devido à violência que se instalou nessa área periférica da capital.

Fonte/Bibliografia:

ABREU, Marilande Martins. A ressignificação da tradição de um terreiro de mina em São Luís\MA: O terreiro de São Bendito\Justino e a luta pelo reconhecimento como patrimônio imaterial.

FERRETI, Sergio. Repensando o Sincretismo. São Paulo: Editora USP / São Luís: FAPEMA, 1995.

NUNES, H. R. Perseguição religiosa: a pajelança na imprensa codoense entre os anos de 1894-1896. Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, São Luís, n. 34, p. 9-12, jun. de 2006.

Pesquisador responsável: Reinilda Oliveira

Fotografia/ imagem:

Acervo: Museu afrodigital do Maranhão

Cais da Sagração

Construído em 1841 em homenagem a sagração de D. Pedro II, o Cais da Sagração já foi um dos portos mais importantes do mundo. Isso se deu pelo volume do comércio presente no Estado do Maranhão a partir do século XVIII, pelo movimento geral do capitalismo industrial no mundo e o livre comércio. Porém com a construção de outras formas de transportes, entre elas a Estrada de Ferro São Luís – Caxias e a diminuição da movimentação do cais, este se vê fadado ao abandono e em fins da década de 1970 parte dele foi aterrado para a construção da Av. Vitorino Freire. O Cais da Sagração, hoje chamado erroneamente de “Rampa Campos Melo”, tem importância histórica na cidade de São Luís e já foi um dos portos mais importantes do mundo. De acordo com o conselheiro do IPHAN Luis Phellipe Andrés, “havia duas rampas, a Campos Melo, que desapareceu e a Rampa do Palácio, antigo Cais, que se encontrava entre os dois baluartes, em frente ao Palácio dos Leões”. O Cais da Sagração foi feito como homenagem a sagração de Dom Pedro II, suas obras foram iniciadas em 1841, passou muitos anos em funcionamento e seus vestígios desapareceram.

Na perspectiva do pesquisador Jandir Gonçalves da Silva, na década de 1970, parte dele foi aterrado para a construção da Av. Vitorino Freire. Vale destacar que esse Cais era a única saída de São Luís até a criação da Estrada de Ferro São Luís – Caxias. “A maior parte das estações no Maranhão entraram em atividade no ano de 1919, mas consta que desde 1915 já havia a circulação de trens na linha. […] Entre 1921 e 1930, completou-se toda a ferrovia, com a abertura de várias estações e postos coletores nas principais povoações por ela atravessadas” (NEVES, 2012 p.06) Quase todas as fábricas têxteis maranhenses já estavam em pleno funcionamento, e se viram ante o grave problema da precariedade do transporte de mercadorias, o que demonstrava estar completamente obsoleto, para a realidade local daquele período, o transporte de bens conjugando-se as vias terrestres e fluviais. Mesmo assim, essa questão não foi resolvida pelo menos até o início da década de 1920. (NEVES, 2012 p.05)

As mudanças urbanas iniciadas na segunda metade do século XVIII, foram visíveis, nesse último período e depois dele, devido ao movimento geral do capitalismo industrial no mundo e o livre comércio, a cidade de São Luís também passou por mudanças no seu cenário físico urbano. “De todas as reformas pelas quais a cidade passou, a construção do Cais da Sagração foi uma das mais significativas, pois seus resultados foram sentidos na economia por muito tempo.” (NEVES, 2012 p.05) O impacto da construção do Cais sobre a cidade foi forte a ponto de Josué Montello escrever um livro intitulado “Cais da Sagração”, evidenciando o cenário da construção dele e através do qual se desenrola a história do pescador Mestre Severino, de sua amada Vanju e da submissa Lourença, personagens do mar, o qual, mais do que um plano de fundo, manifesta vida. Montello destaca a movimentação do cais, e ao final do livro aponta certo receio pelo seu declínio.

Fonte/Bibliografia                                                               

GERMANO, Nivaldo. RIBEIRO, Elias. FONTENELE Ludmylla, et al. CAIS DA SAGRAÇÃO: O Processo de Modernização da Cidade de São Luís no século XIX. Apresentado no II simpósio de História do maranhão oitocentista. UEMA, 2011.

MONTELLO, Josué. Cais da Sagração. 5.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

MORAES, Jomar. São Luís do Maranhão – memorabilia de antigos e raros cartões postais. Rio de Janeiro: Y.R. Marketing e Projetos Culturais Ltda., 1993.

NEVES, Diogo Gualhardo. Ferrovia São Luís-Teresina: história e cultura. In: VI Colóquio Latino Americano sobre recuperação e preservação do patrimônio industrial. v. 1, São Paulo. Caderno de resumos. São Paulo: Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, 2012.

O Cais da Sagração. TV imparcial. Publicado em 7 de out de 2016.

SILVA, Jandir Gonçalves. Entrevista concedida a Reinilda Santos, 2017.

 

 

Pesquisador responsável: Reinilda Oliveira

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Praça da Matriz

A Praça da Matriz é um importante símbolo religioso do município de São José de Ribamar. É um importante local de encontro dos moradores e de fiéis devotos de São José de Ribamar, homônimo da cidade. A Praça abriga o famoso Caminho de São José que destaca a história do pai adotivo de Jesus no cumprimento de sua missão e vocação. Composta por um conjunto de imagens de oito estações que contam a história da Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José. As estações estão dispostas dos dois lados da praça localizada em frente à igreja de São José de Ribamar. As estátuas começaram a ser esculpidas em 1996, pelo artista goiano Sival Floriano Veloso no Salão Paroquial da igreja de São José de Ribamar e foram concluídas em 1997. A inauguração aconteceu em doze de setembro do mesmo ano.

As estações passaram ainda por duas reformas, em 2001 e 2010. A nova praça da matriz substituiu a antiga e as estações substituíram a antiga imagem da sagrada família construída em 1979, pelo escultor Carlos Prado que, já bastante desgastada, desmoronou durante a reforma da praça.  Diz a lenda que um navegador português prestes a naufragar nas imediações do atual município por causa de uma tempestade, invoca a ajuda do Santo São José. Após ver a tempestade passar ergue uma capela de frente para o mar com a imagem deste Santo como forma de agradecimento. Tempos depois, os moradores de Anindiba, hoje Paço do Lumiar, levaram a imagem escondida para a igreja do povoado.

Contudo, misteriosamente, ao amanhecer, notaram que a imagem de São José voltara à sua capela de origem. Em uma nova tentativa, os Anindiba levaram a estátua novamente, porém deixaram sentinelas para guardá-la, mas São José, depois de ter transformado seu cajado em luzeiro, desceu protegido por santos e anjos e voltou para a capela de Ribamar. O caminho por onde São José passou ficou repleto de luz, e atualmente uma pequena parte deste percurso, já perto de seu destino final, é retratado pelas estações presentes na praça da matriz responsável por contar toda a história do santo São José.

 

Fontes/bibliografia: http://www.santuarioderibamar.org/o-caminho

http://educadora560.com.br/historia-do-santuario-de-sao-jose-de-ribamar/

Pesquisador responsável: Priscilla Piccolo

 

Fotografias/imagens: http://mapio.net/pic/p-24920382/

https://estrangeira.com.br/sao-jose-ribamar-raposa-maranhao/

https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g673267-d4059384-i95720124-Banho_Beach-Sao_Luis_State_of_Maranhao.html

Lava-bois

A tradicional festa do Lava-bois é um festejo que ocorre em quase  todo o território do Maranhão, onde diferentes grupos de bumba meu boi se reúnem para comemorar e finalizar as festas juninas. É uma festa cheia de alegria, danças e brincadeiras. A presença dos boieiros também possui um caráter religioso, pois os brincantes se deslocam até igrejas estratégicas para agradecer as conquistas alcançadas durante o período junino e pagar promessas feitas ao santo padroeiro do Estado São José de Ribamar. No município homônimo do próprio santo, São José de Ribamar, são poucos os relatos históricos dando conta da origem do Lava-Bois. A versão contada por moradores mais antigos de São José de Ribamar revela que a festa teve início na década de 50. O Lava-Bois surgiu de um ritual promovido por boieiros que foram até o município pagar uma promessa de São João.

Os primeiros grupos de Bois a chegarem à cidade foram os de orquestras, que vieram através de convites para participar de brincadeiras locais, mas também com o objetivo de pagar promessas. Posteriormente vieram os Bois de matraca, que hoje são os mais famosos do município. A concentração das brincadeiras acontecia em frente à Igreja de São José de Ribamar. Os primeiros Bois que participaram da festança foram os batalhões de Axixá, Rosário, Peri-Merim, Santa Rita e São José de Ribamar. O evento começou a ganhar maiores proporções com as participações de representantes dos Bois de São José dos Índios e Sítio do Apicum. O nome Lava-Bois foi dado devido ao fato de o evento encerrar oficialmente a temporada junina no Estado, uma vez que os grupos de bumba meu boi são os responsáveis pelas festas juninas do Maranhão.

 

Fontes/bibliografia: https://oimparcial.com.br/cidades/2015/07/tradicional-festa-do-lava-bois-encerra-festejos-juninos-no-estado/

http://www.geraldocastro.com.br/2014/07/01/tradicional-lava-bois-acontece-neste-fim-de-semana-em-ribamar/

Pesquisador responsável: Priscilla Piccolo

 

Fotografias/imagens: https://oimparcial.com.br/cidades/2015/07/tradicional-festa-do-lava-bois-encerra-festejos-juninos-no-estado/

http://joeljasinto.blogspot.com/2017/07/lava-bois-encerra-festejos-juninos-no.html

http://joeljasinto.blogspot.com/2017/07/lava-bois-encerra-festejos-juninos-no.html

http://g1.globo.com/ma/maranhao/sao-joao/2013/noticia/2013/06/aberto-hoje-o-sao-joao-de-sao-jose-de-ribamar.html

http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2012/05/bumba-boi-de-matraca-ribamarense-inicia-temporada-de-ensaios.html

Igreja de São José de Ribamar

A Igreja de São José de Ribamar é um templo católico dedicado ao santo padroeiro, homônimo do município, São José de Ribamar. De acordo com a lenda, que assola a construção desta igreja, um navio português vindo de Lisboa com destino a São Luis do Maranhão se desviou do curso e foi parar na atual localidade do município de São José de Ribamar.  Durante uma tempestade, o navio foi ameaçado por bancos de areia. A tripulação então teria invocado a ajuda de São José de Ribamar, sendo depois o navio afastado do perigo por uma onda e os tripulantes salvos.

O capitão do navio teria erguido uma capela com uma imagem do santo como forma de agradecimento. Com o passar do tempo, se desenvolveu uma povoação ao seu redor e aumentou a fama da região devido à lenda. A  partir do ano de 1757, foram construídas três igrejas que sofreram um misterioso desabamento. A população local acredita que desabaram por terem sido construídas de costas para o mar, e somente a atual, erguida em 1915 de frente para a orla, permanece de pé e é considerada um símbolo da cidade. No mês de setembro, ocorrem no município os festejos de São José de Ribamar, onde em média 50 mil fiéis visitam, a igreja e depositam suas oferendas. É uma das maiores cerimônias religiosas do estado do Maranhão.

Fontes/bibliografia: http://www.santuarioderibamar.org/

http://educadora560.com.br/historia-do-santuario-de-sao-jose-de-ribamar/

Pesquisador responsável: Priscilla Piccolo

 

Fotografias/imagens: http://fotostrada.com.br/blog/2013/07/24/sao_jose_de_ribamar/

http://www.momentospelomundo.com/2014/06/sao-jose-do-ribamar-ma.html

http://pascomsjr.blogspot.com.br/2012/03/santuario-de-sao-jose-de-ribamar-2012.html

http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2016/09/sao-jose-de-ribamar-ja-se-prepara-para-festejo-santo-padroeiro-do-ma.html

Carnaval Lava-pratos

A tradicional festa do Carnaval Lava-pratos acontece no final de semana após o carnaval tradicional, arrastando multidões em dois dias de muita diversão no município de São José de Ribamar. O evento é realizado no Parque Municipal do Folclore Alcione Nazaré, orla marítima, e no ano de 2018 completou sua 72º edição. Para alguns moradores e pesquisadores locais, a tradicional festa do Carnaval Lava-pratos no município de São José de Ribamar teve sua origem no ano de 1946, no então chamado “Carnaval da Vitória”, assim batizado após a vitoriosa participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945.

Segundo alguns moradores locais, tudo começou quando a Escola de Samba Batuqueiro Naval, de São José de Ribamar, resolveu, na terça-feira de Carnaval, visitar outras agremiações em São Luís, dentre elas a Turma da Mangueira, Turma do Quinto e Águia do Samba. Por esse motivo, as escolas visitadas resolveram retribuir a gentileza, no primeiro domingo da Quaresma, na sede do Batuqueiro Naval, à época situada na Rua Nova, na sede do município, dando inicio assim a festa conhecida como Carnaval Lava-pratos. Posteriormente outras agremiações começaram a peregrinação até São José de Ribamar, em razão de terem se sagrado campeãs do Carnaval da capital maranhense. Com o passar do tempo, outras Escolas de Samba e outros grupos carnavalescos da Ilha, como é o caso da Casinha da Roça, por exemplo, começaram a se deslocar todos os anos, após o carnaval oficial, para Ribamar para abrilhantar o evento. Uma minoria de moradores locais defende que a tradicional festa do Lava-pratos fora criada para que a classe trabalhadora dos garçons pudesse curtir o carnaval, uma vez que, durante o festejo oficial eles estariam trabalhando e impossibilitados de participarem dos festejos.

 

Fontes/bibliografia: http://www.saojosederibamar.ma.gov.br

https://www.blogsoestado.com/danielmatos/2010/02/19/lava-pratos-de-ribamar-e-a-pedida-do-fim-de-semana/

https://edicao.jornalpequeno.com.br/impresso/2009/02/28/um-pouco-da-historia-do-lava-pratos/

Pesquisador responsável: Priscilla Piccolo

 

Fotografias/imagens: http://www.suacidade.com/20180215/72%C2%AA-edicao-do-lava-pratos-recebe-escola-vencedora-do-carnaval-de-sp

https://www.blogsoestado.com/danielmatos/2010/02/19/lava-pratos-de-ribamar-e-a-pedida-do-fim-de-semana/

https://www.blogsoestado.com/zecasoares/2018/02/19/lava-pratos-reune-mais-de-100-mil-pessoas-em-ribamar/

Cais de São José de Ribamar

Um dos principais pontos turísticos do município de São José de Ribamar, o cais foi revitalizado e inaugurado em março de 2017. São quase cinco mil metros quadrados de área construída que incluem uma ponte e um píer adequado às embarcações que utilizam o local, atendendo assim a demanda pesqueira. O espaço também recebeu a instalação de um novo sistema de iluminação, com lâmpadas led e projetores, e pavimentação de toda a extensão. Ainda possuí uma área de passeio público com praça, arborização, ciclovias, dois pequenos mirantes e quiosques. Abandonado a mais de 10 anos pelo governo, o cais de São José de Ribamar era um lugar rodeado pela falta de uma infraestrutura adequada para atender as demandas da população local.

Era um lugar extremamente perigoso e mal iluminado, por tanto impedia que os moradores do entorno fizessem uso de sua localidade. Em março de 2017, após passar por um intenso processo de revitalização, o cais foi reinaugurado em uma grande festa e causou uma onda de felicidade e contentamento aos moradores de São José de Ribamar, pois, para eles este local significa uma área de lazer adequada e segura, além de um novo ponto turístico que ajuda cada vez mais no desenvolvimento econômico da cidade.  Atualmente é um dos principais responsáveis por aumentar o crescimento e promover o lazer e a cultura local. São 4.600m² de área construída que contam com uma ponte, um píer para atender a demanda pesqueira da região, uma área de passeio público com praça, arborização, ciclovias, dois pequenos mirantes, quiosques e uma academia ao ar livre. É responsável por sediar diversas manifestações e shows culturais no município.

 

Fontes/bibliografia: https://oimparcial.com.br/cidades/2017/03/sao-jose-de-ribamar-inaugura-novo-cais/

http://www.saojosederibamar.ma.gov.br/detalhe-da-materia/info/novo-cais-de-sao-jose-de-ribamar-voltou-a-atrair-visitantes/56876

Pesquisador responsável: Priscilla Piccolo

 

Fotografias/imagens: http://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/desenvolvimento/governador-flavio-dino-entrega-modernizacao-do-cais-de-ribamar-novo-ponto-turistico-da-ilha-de-sao-luis

https://vimeo.com/realtimefilmes

https://oimparcial.com.br/cidades/2017/03/sao-jose-de-ribamar-inaugura-novo-cais/

http://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/multimidia/videos/novo-cais-de-sao-jose-de-ribamar-e-entregue-com-espaco-totalmente-modernizado

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