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A Festa do Divino Espírito Santo de Paço do Lumiar

A Festa do Divino Espírito Santo de Paço do Lumiar no Maranhão acontece desde 1851, quando Marcolina Rosa de Jesus, uma católica fervorosa, pagou uma promessa feita ao Divino Espírito Santo por um pedido atendido. Segundo ALVES (1994, p. 07), Marcolina tinha trinta anos de idade quando fez a promessa que se achasse graça, mandaria construir uma casa de taipa e palha para se realizar a Festa, durante todos os anos, e mesmo quando ela morresse, passaria a promessa para os seus descendentes. “Com a morte de Marcolina, a Festa do Divino Espírito Santo de Paço do Lumiar passou para a sua filha, Joana de Deus Rocha; e desta, para a sua neta, Vita Rocha Brito e, quando esta faleceu,em 1989, a sua bisneta Ignez Vitória Ferreira de Cruz, e os outros representantes da geração dos familiares de dona Marcolina, organizaram uma irmandade composta de vários moradores do lugar para que o evento religioso se tornasse de alguma forma oficializado, no que contou com a cooperação do então prefeito de Paço do Lumiar, Sr. Alfredo Silva, do Dr. Carlos Alberto Saad e da Sra. Leila Nascimento, Assessora de Cultura à época”. Essa irmandade faz uma ornamentação caprichada nas casas dos festeiros. As roupas do império são luxuosas, e há abundância em doces e comidas servidas no banquete que são marcas expressivas da festa. Assim, essa manifestação cultural funciona para os fiéis pagarem suas promessas. A dona Ignêz Ferreira (2018) diz que: “não gostaria de esquecer esse evento que é apreciado por vários lugares de fora, somos tocadores de que cada ano esse objetivo da Festa do divino do espírito santo seja alcançado, pois já temos a irmandade, temos já o estatuto e cada ano gostaríamos que houvesse mais interessados em participar, dos moradores e também das autoridades, pois o município de paço do lumiar necessita e prestigia esse evento, que é totalmente de origem católica”. Desse modo, esse tradicional Festejo do Divino Espírito Santo conta com o apoio da Prefeitura de Paço do Lumiar por meio da Secretária de Cultura e Esporte e Lazer, o qual é feito na sede desse do município de Paço do Lumiar.

Fontes/Bibliografia:

ALVES, Herbelina de Jesus. A Festa do Divino Espírito Santo de Paço do Lumiar no Maranhão. Paço do Lumiar: [S.l.: s.n.], 1994.

CRUZ, Ignez Vitória Ferreira de.  Entrevista concedida a Natasha Nickolly Alhadef Sampaio Mateus para o Projeto Patrimônio Fantasma. Paço do Lumiar, 20 de fevereiro de 2018.

RAMOS, Clóvis. Bendito, Louvado Seja. In: ALVES, Herbelina de Jesus. A Festa do Divino Espírito Santo de Paço do Lumiar no Maranhão. Paço do Lumiar: [S.l.: s.n.], 1994.

RAPOSA, A Voz da. Paço do Lumiar realiza 162ª Festa do Divino.  Disponível em:<http://www.avozdaraposa.com.br/2013/10/paco-do-lumiar-realiza-162-festa-do.html>. Acesso em: 28 fev. 2018.

Pesquisador responsável: Natasha Alhadef

Hotel Central

Os primeiros registros do Hotel Central em São Luís, datam de 1908, em fotografia de Gaudêncio Cunha, no livro “Maranhão 1908”, um álbum com mais de 160 imagens, que retratam São Luís e algumas cidades do interior do Estado, que foi encomendado pelo governador Benedito Leite, para a divulgação do Estado na Exposição Nacional de 1908 no Rio de Janeiro. O casarão registrado na fotografia, tinha estilo colonial com três pavimentos, localizado entre as Praças Pedro II e Benedito Leite, no centro da cidade, estava situado em um espaço bastante efervescente, no mesmo local onde hoje fica o Palácio do Comércio, cuja fachada podia-se ler no letreiro o seguinte nome: Hotel Central. Porém, como destaca Mário Meireles, no final da década de 1930, foi baixado um Decreto-Lei de nº 330, de 23 de dezembro de 1930, em que o próprio governador se obrigava a construir o palácio do comércio, e este deveria dispor de instalações para um hotel, que deveria ser constituído como um modelo para a hotelaria maranhense em moldes modernos e não mais com a estrutura colonial. No projeto original também constava a instalação de um museu permanente para exposição de produtos do Estado, que seria entregue a associação comercial. O que evidencia o interesse do poder público em produzir um espaço que pode-se fomentar o comércio no Maranhão, por meio da união de diferentes recursos. A construção do novo palácio do comércio, juntamente com as instalações, do hotel e do museu se iniciaram em 1º de maio de 1941, quando foi lançada a pedra fundamental, que acarretou na demolição do antigo prédio colonial que abrigava o Hotel Central, sendo construído em seu lugar um prédio com contornos “modernos”, que foi inaugurado em 4 de maio de 1943, abrigando na época as novas instalações do Hotel Central e da Associação Comercial do Maranhão. O prédio tinha a finalidade de desenvolver os serviços de hospedagem e hotelaria em São Luís, “de forma a suprir uma carência sentida até mesmo pelo presidente Getúlio Vargas, em 1934, em visita ao estado”, segundo explica o Guia de Arquitetura e Paisagem de São Luís e Alcântara (2008, p. 138). O novo hotel tinha equipamentos e ambientes, como restaurante e salão nobre na cobertura, e primava pelo conforto dos hóspedes, que faziam parte de uma clientela bem diversificada, indo desde autoridades a artistas internacionais. Implantado em um canto de quadra com acesso pela Praça Benedito Leite e compondo a paisagem da Praça Pedro II, o prédio apresenta planta complexa, com três escadarias para circulação vertical, em pontos diferentes do imóvel. (Guia de Arquitetura e Paisagem de São Luís e Alcântara, 2008). Fica evidenciado por intermédio dos relatos orais como o hotel era utilizado, não só por hospedes provenientes de outros lugares, mas também pela elite ludovicense: “Eu frequentava o hotel por que lá tinha um restaurante, lá tinha um salão de festas, onde tinha alguns eventos que o salão era utilizado: cerimônias, aniversários, casamentos. (Gustavo Marques, 2017). “O Hotel central, ficava ali ao lado da Igreja da Sé, então ali era o ponto, o ponto chique da sociedade de São Luís naquela época, ou seja, tinha hospedes ilustres, e a gente pegava a bagagem, colocava no elevador, e o meu serviço era esse, pegar a bagagem e ser o mensageiro, o mensageiro do hotel central. (COARACY, 2015)”. Lá no final dos Anos 1970, ainda era um ponto, assim, da intelectualidade da cidade, eu lembro que meu pai (Vitor Gonçalves, jornalista e cronista maranhense) ia pra lá pra encontrar com outros jornalistas, como Carlos Cunha, entre outros. Existia um restaurante e uma sorveteria que eram referências pra cidade de São Luís. (GONÇALVES, 2017). Uma das principais questões que levou ao fechamento do hotel foi o crescimento vertiginoso do turismo, sobretudo durante a segunda metade da década de 1970, culminando na construção de outros grandes empreendimentos hoteleiros na cidade, circunstâncias que levam o Hotel Central perder espaço para o turismo de lazer, que acaba substituindo o turismo de negócio ao qual o Hotel Central se destinava. “A partir dos meados dos anos 1970 outros hotéis começaram a surgir em São Luís, mas até a década de 1970 a referência de hospedagem em São Luís, era o Hotel Central.” (MARQUES, 2015).

Fonte/Bibliografia

COARACY, José Henrique. Gustavo. Entrevista Concedida a Jock Dean. São Luís, 15 mar. 2015.

GONÇALVES, Jandir. Entrevista Concedida a Paulo Leandro da Costa Moraes. São Luís, 20 ago. 2017.

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.MARQUES, Gustavo. Entrevista Concedida a Jock Dean. São Luís, 15 mar. 2015.

MEIRELES, Mário Martins, História do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001.

REVISTA ELEGANTE, São Luís, 1898.

SILVA FILHO, José de Oliveira da. Tramas do Olhar: a arte de inventar a cidade de São Luís do Maranhão pela lente do fotógrafo Gaudêncio Cunha. Fortaleza. 2009. Disponível em: www.oestadodoma.com.br, Publicado em: 16 de março de 2015.

Pesquisador responsável: Paulo Moraes

Escola Sociedade Onze de Agosto

Tendo sido criada por meio de iniciativa privada a partir dos 1840, a Escola Sociedade 11 de Agosto, surge em oposição à educação elitista que era administrada no Liceu Maranhense. Voltada para o ensino da leitura, da escrita e da contagem, buscava atender a população mais pobre da cidade e proveniente do setor operário, buscando ainda oferecer cursos profissionalizantes. Estabeleceu-se como importante instituição de atenção à comunidade de baixa renda. Porém teve atuação bastante efêmera, pois sofreu com intervenções do setor público que por fim, em 1884, decide instalar no prédio em que funcionava a escola a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, interrompendo o empreendimento de uma Escola popular no Estado. Com as novas perspectivas da província do Maranhão em torno da organização e expansão das práticas educativas iniciada em 1827 e a ampliação desse empreendimento na década de 30 e 40 pelo governo provincial, com a fundação do Liceu Maranhense (1837), que atendia, sobretudo, as classes mais abastadas do estado. Mas em contraposição a essa educação elitista, vão se formando instituições voltadas ao ensino do ler, escrever e contar, a parcelas mais pobres da sociedade, visando à profissionalização do operariado. Nesse contexto é criada a escola Sociedade Onze de Agosto, que tinha por interesse oferecer cursos a todos que compunham a classe operária, que buscavam instrução nas primeiras letras e em conhecimentos voltados a indústria, o comércio e a lavoura, tendo como diferencial, o ensino noturno, que visava atender aquele nicho em especial. Essa escola foi formada a partir da iniciativa de alguns intelectuais maranhenses, entre eles: Antônio de Almeida Oliveira, que era defensor da educação republicana e popular; e João Antônio Coqueiro, que fora professor na instituição. Sendo instalada em prédio localizado na Rua do Egito que tendo passado por reformas e adaptações, “[…] ficou construído um novo edifício que não deixou a desejar, reabrindo-se as aulas dos diferentes cursos já iniciados, sendo aprovados outros. O ensino era feito sem remuneração para a classe laboriosa ocupada em outros misters” (REVISTA ELEGANTE, 1898, p. 2).Tendo sido fundada por empreendimentos particulares, a escola foi gradativamente recebendo apoio do poder público para a compra e reforma do prédio, bem como na aquisição de materiais escolares, organização e adaptação de mobiliários. Porém, por acreditar, o poder provincial ter direitos de interferir nas atividades escolares, e, sobretudo na ocupação do prédio onde fora instalada a escola popular, decide ocupá-lo com a biblioteca pública provincial. Com o tempo passa a se chamar biblioteca popular, que aliada às constantes tentativas de utilizar as dependências do prédio para a instalação do Liceu em 1876, acaba entrando em embate com a diretoria da sociedade. As constantes inferências do Poder público à escola Sociedade Onze de Agosto acabaram interferindo no funcionamento da instituição, fazendo com que Jose Manoel de Freitas, então Presidente da província, mandasse que fossem indenizados os credores da sociedade 11 de Agosto, passando o prédio o poder provincial, por meio do art. 11 da Lei n. 1155 de 5 de setembro de 1876. Com isso o prédio passou a abrigar a Sociedade Maranhense Protetora dos alunos pobres em 1877, sendo montada a biblioteca pública e restabelecida a aula noturna, “tendo início desde 1º de agosto de 1882, com uma frequência média de cem alunos, constante de operários das fundições, aprendizes de alfaiate, marceneiro, sapateiro” (REVISTA ELEGANTE, 1898, p. 3). Porém em 1884, por determinação dos deputados e presidente da província a assembleia legislativa do Estado passa a ocupar aquele prédio, alegando a falta de acomodações adequadas em outros estabelecimentos, o que acaba desestabilizado definitivamente as atividades da Sociedade Onze de Agosto e o funcionamento da Biblioteca pública.  Acabou-se assim a existência tão útil da Sociedade 11 de Agosto. Todavia, as energias ali dispensadas, semelhante ao que se passa nos domínios da mecânica, não se consumirem, senão se transformaram, não somente construindo cidadãos instruídos que abraçaram várias profissões em que denotaram a cultura de nossa terra, mas ainda legando este edifício que, perpetuando a memória dessa Sociedade, forma um patrimônio do ensino, nesta Capital, vastamente conhecida por Escola Noturna, Escola do Povo, Escola Popular 11 de Agosto (FERREIRA, 1933, p.24).

Fonte/Bibliografia

CASTELLANOS, Samuel Luis V. Práticas leitoras no Maranhão na Primeira República: entre apropriações e representações. São Luis: EDUFMA, 2010.

CASTELLANOS, Samuel Luis Velázquez; CASTRO, Cesar Augusto. Uma instituição de ensino popular no Maranhão Império: A Sociedade Onze de Agosto. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, nº 62, p.83-97, mai2015 – ISSN: 1676-2584.

FERREIRA, Justo Jansen. A Escola 11 de agosto. São Luis: IHGE/MA, 1933

MEIRELES, Mário Martins, História do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001.

REVISTA ELEGANTE, São Luis, 1898.

SILVA FILHO, José de Oliveira da. Tramas do Olhar: a arte de inventar a cidade de São Luís do Maranhão pela lente do fotógrafo Gaudêncio Cunha. Fortaleza. 2009.

Disponível em: www.oestadodoma.com.br, Publicado em 16 de março de 2015.

 

Pesquisador responsável: Paulo Moraes

Fotografia imagem: Jornal O novo Mundo, New York, v.5, n. 53, 22, fev. 1985.

Rua da Bela Vista (Amargura)

A antiga Rua da Bela Vista, mais conhecida atualmente como Rua da Amargura, estende-se do farol ao Forte de São Sebastião, próximo ao mar. Nos tempos considerados “áureos” de Alcântara, essa rua abrigava as famílias mais ilustres da cidade. Também se encontravam nela casas de comércio (secos e molhados), a igreja de Santa Quitéria, o antigo porto das Barcas e os Passos da Paixão. Atualmente a antiga Rua da Bela Vista encontra-se praticamente abandonada e as construções nela presente a maioria em ruínas. A Igreja de Santa Quitéria construída em 1763 abrigava a Ordem Terceira do Patriarca São Francisco, foi fechada em 1852, começando seu processo de arruinamento. Os Cinco Passos da Paixão é uma construção do século XVII, que era a representação das celebrações da Paixão Cristo durante a Semana Santa em Alcântara. Nesta rua também há as ruínas da residência do Barão de Grajaú, homem de grande prestígio naquele período, que ficou conhecida como Palácio Negro. De acordo com relatos populares, uma das filhas do barão casou-se com um mulato, contra a vontade do pai, isso gerou um conflito familiar e foram colocadas cortinas pretas nas portas e janelas, fazendo referência a um luto pela escolha da filha, em consequência ela foi deserdada e desde então o local passou a se chamar de Palácio Negro.  A Rua da Bela Vista também é denominada de Rua da Amargura, pois, nos séculos XVIII e XIX as famílias mais ricas mandavam seus filhos para estudar em Portugal, a viagem demorava muito, pois era apenas de navio, as notícias de quem viajava geralmente demoravam muito a chegar, então, além da dor da partida também ficava o medo do pior acontecer, como acidentes em alto mar, assim se instalava uma tristeza generalizada, deixando aquela rua cheia de amargura. As construções foram sendo abandonadas quando as famílias que lá residiam começaram a se mudar para São Luís ou para a Corte. Atualmente ela é principalmente um ponto turístico.

 

Fontes/bibliografia: 

BRASIL. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos nacionais: norte, nordeste e centro-oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.

LOPES, Antônio. Alcântara: subsídios para a história da cidade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1957.

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.

 

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

Pelourinho

Localizado na região central de Alcântara, na Praça da Matriz, que tem também as ruínas da Igreja de São Matias e a Casa de Câmara de Cadeia. De acordo com o autor Grete Pflueger (2008), as igrejas foram construídas em locais que tivessem fácil visibilidade do litoral, para suas torres serem avistadas pelas embarcações. Assim, formaram-se três conjuntos urbanos, sendo o primeiro da Praça da Matriz, que fica de costa para o mar. O Pelourinho foi erguido em 1648 e fazia parte do conjunto de monumentos que marcava a ocupação portuguesa na vila de Santo Antônio de Alcântara. Sobre sua confecção há controvérsias, porque existem duas linhas de explicação. A primeira seria que o pelourinho foi construído em Portugal, devido ao seu material e todos os detalhes da confecção, acreditavam que ele já chegou em Alcântara pronto. A segunda explicação é que, apesar de não haver na vila nenhum artista para construção de tal monumento naquele período, ele não teria sido necessariamente feito em Portugal, pois, poderia ter sido contratado um artista aqui mesmo no Brasil para o fazer. O que prevalece nos relatos dos populares é sua confecção ter sido feita em Portugal, também como uma forma de enaltecer o monumento. A peça originalmente era uma coluna de pedra de Cantareira, com base quadrada e simples, na sua parte superior tinha uma coroa com o brasão de Portugal, a coluna tinha detalhes com frisos. O pelourinho era um monumento que também servia para ressaltar o poder municipal e da justiça, mas com relação à  sua utilização também há duas versões. Na primeira ele servia como local de castigos corporais dos escravos, na segunda o monumento era apenas um símbolo e não era usado como lugar de açoite, que ocorria em outros locais, servia principalmente para reunir os moradores em torno quando precisava-se fazer comunicados importantes ou pregar ofícios para serem lidos. Em 1889, com o advento da República, o pelourinho foi derrubado e quebrado em pedaços, como forma de apagar os símbolos da monarquia. Dessa forma, suas partes foram enterradas em locais diferentes. Em 1948 ele foi reconstruído e reerguido, isso foi possível graças a uma ex-escrava, Mãe Calú, que indicou onde seriam encontradas suas partes. Hoje ele encontra-se em frente as ruínas da igreja matriz, dá para perceber os locais onde ele fora remendado, a sua parte superior (a coroa) não fez parte de sua reconstrução.

 

Fontes/bibliografia:  

BRASIL. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos nacionais: norte, nordeste e centro-oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.

LOPES, Antônio. Alcântara: subsídios para a história da cidade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1957.

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.

 

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

Palácios do Imperador I e II

As Ruínas do Imperador foi um projeto de dois palacetes construídos em Alcântara para receber o imperador D. Pedro II no século XIX. Eles ficam localizados na esquina com a Rua Grande e em frente à Igreja do Carmo. Os dois encontram-se em ruínas e suas obras nunca foram concluídas. As duas construções partem de uma disputa entre duas famosas famílias alcantarenses, sobre quem, naquela ocasião, hospedaria o imperador, dessa forma, cada uma construiu um palacete. As Ruínas do Palácio do Imperador I, ou Palácio do Barão de Mearim, ficam em frente à Igreja do Carmo, percebe-se que seu projeto era de uma construção com bastante cômodo e luxo, encontra-se à beira-mar e ainda estão presentes muitas pedras de lioz, que são típicas de Portugal. José Teodoro Corres de Azevedo (barão de Mearim) era um político extremamente influente e descendente da fidalguia portuguesa. É possível perceber, mesmo em ruínas, que a sua construção é maior e mais luxuosa que o outro palacete. As Ruínas do Palácio do Imperador II, ou Palácio do Barão de Pindaré, foi uma construção feita por Antônio Pedro da Costa Ferreira, que pertencia a uma das famílias mais antigas de Alcântara, foi senador da Regência Trina Permanente e em 1854 ganhou o título de Barão de Pindaré. Essa visita do Imperador começou a ser esperada após Antônio Raimundo de Franco e Sá ter dado a notícia, na qual ele garantiu que foi uma promessa que o imperador fez a ele. Como Francisco de Franco e Sá pertencia a uma família de elevada estima do Trono Imperial, acreditou-se que a visita realmente aconteceria, mas durante o tempo de processo de construção dos palacetes ele morre. O imperador nunca viera a cidade, talvez pela notícia da morte de Francisco Sá, e as construções ficaram inacabadas. Em 1927 Alcântara recebeu a visita do seu neto, D. Pedro de Orleans e Bragança.  Essa é uma história muito marcante no imaginário popular, principalmente para exaltar os tempos áureos da cidade.

 

Fontes/bibliografia: 

BRASIL. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos nacionais: norte, nordeste e centro-oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.

LOPES, Antônio. Alcântara: subsídios para a história da cidade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1957.

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.

 

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

Igreja Matriz de São Matias

As ruínas da Igreja Matriz de São Matias encontram-se na região central de Alcântara, compondo um conjunto arquitetônico com outros importantes monumentos da cidade. A igreja é um símbolo muito importante, pois foi a primeira paróquia. Durante a ocupação portuguesa fez parte do conjunto simbólico que marcou a presença desse povo naquela região e das edificações mais significativas, sendo a área da Matriz considerada o coração da Vila de Santo Antônio de Alcântara. Em torno do século XIX já começava a entrar em ruínas, hoje ainda se encontra algumas de suas paredes levantadas.

Localizado na região central de Alcântara, na praça da Matriz, que tem também o Pelourinho e a Casa de Câmara de Cadeia. De acordo com o autor Grete Pflueger (2008), as igrejas foram construídas em locais que tivessem fácil visibilidade do litoral para suas torres serem avistadas pelas embarcações. Assim, formaram-se três conjuntos urbanos, sendo o primeiro da Praça da Matriz, que fica de costa para o mar. A Igreja Matriz fazia parte da tríade religiosa junto com das Mercês e do Carmo, que orientou as direções da construção urbana de Alcântara no século XVIII. Durante a ocupação francesa havia apenas uma capela, depois da ocupação portuguesa, Matias de Albuquerque, a quem aquela área tinha sido dada como capitania, mandou construir a primeira igreja paroquial, como afirma o autor Antônio Lopes (2002). A igreja foi erguida em 1648, quando o local ainda era a aldeia de Tapuitapera, sendo dedicada a São Mathias, em homenagem a Matias de Albuquerque. Durante o período da vila de Santo Antônio de Alcântara, a praça da Matriz era considerada como seu coração e suas construções a marca da presença portuguesa. No período imperial a igreja foi restaurada, muitos anos depois seu telhado desabou, começando seu processo de desgaste que logo tornou-se seu arruinamento, sendo hoje encontrada apenas as suas ruínas. As esculturas e objetos que faziam parte da matriz foram transferidas a maioria para igreja do Carmo.

 

Fontes/bibliografia: 

BRASIL. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos nacionais: norte, nordeste e centro-oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.

LOPES, Antônio. Alcântara: subsídios para a história da cidade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1957.

PFLUEGER, Grete. De Tapuitapera a Villa d’ Alcantara: cidades portuguesas, planejadas ou espontâneas? Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada. Olinda, 2008.

 

Pesquisador responsável:  Drielle Souza Bittencourt

Igreja de São Francisco

A Ordem dos Franciscanos já estava em Alcântara no século XVIII, mas inicialmente ficou localizada na Igreja de Santa Quitéria, na antiga rua da Bela Vista, pois não tinham sua própria sede. Em 1811 saiu a autorização para construção da sua igreja. Ela foi construída em pedra e cal com paredes grossas e rígidas. É possível que essa construção nunca tenha sido terminada e atualmente encontra-se apenas suas ruínas na rua do Miritiua, num local com bastante visibilidade, pois há um grande fluxo comercial. Na sua fachada principal há no portal dois braços cruzados, um de São Francisco e outro de Jesus, com uma cruz no meio representando a ordem franciscana. Ao adentrar é possível perceber dois pavimentos divididos por uma parede com um portal trabalhado em ladrilhos, de acordo com os moradores quando a lua está cheia ela fica exatamente em cima desse portal.

 

Fontes/bibliografia: 

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

Fortaleza de São Sebastião

O Forte de São Sebastião localiza-se no promontório da praia da Baronesa, atualmente funciona um campo de futebol e o prédio de pedra encontra-se em ruínas. Sua construção é datada do ano de 1763. É possível ainda encontrar no local canhões espalhados e apontados para o litoral. O uso de fortificações era uma estratégia militar bastante comum no período colonial. Assim como em São Luis, Alcântara também teve um Forte. Em São Luis o Forte foi construído inicialmente pelos franceses, onde hoje  se encontra a sede do Executivo Estadual, o Palácio dos Leões. Essas fortificações eram uma forma de proteger o lugar e ter uma boa visibilidade de quem se aproximava. Ficavam estrategicamente próximas  ao litoral e em locais altos. Em Alcântara o Forte de São Sebastião ficava no promontório da praia da Baronesa e remonta a ocupação portuguesa. Foi construído em 1763,  onde existia um prédio de pedra, que provavelmente seria o quartel e hoje  se encontra em ruínas. Ainda é possível ver canhões espalhados no local e alguns apontados para a direção da praia. Atualmente  nesse espaço funciona um campo de futebol que está próximo ao Instituto Federal do Maranhão (IFMA) da cidade.

 

Fontes/bibliografia:

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

Festa do Divino Espírito Santo

O município de Alcântara é um dos que mantém a forte tradição do festejo do Divino Espírito Santo, que ocorre no domingo de Pentecostes, 50 dias após a páscoa, e comemora a vinda do Espírito Santo e ressureição de Jesus Cristo, a duração do festejo é de 12 dias. Sua origem vem dos colonos açorianos (portugueses) e seus descendentes, mas em Alcântara há uma mesclagem de culturas e religiões na representação do festejo, como a católica e a afro-brasileira. Durante a festa é criada uma corte imperial, geralmente constituída por crianças e adolescentes. A cada ano há uma pessoa responsável pela festa, e esta indica o imperador ou a imperatriz (figura que vai representar a mais alta posição da corte), revezando o gênero a cada festejo, junto a eles tem os mordomos que compõem o conjunto da corte. A festa é composta por várias etapas, no início há o levantamento do Mastro, que é um tronco de árvore pintado e enfeitado. Em Alcântara ele fica na Praça da Matriz. Os representantes da Corte visitam uns aos outros em suas residências na cidade através de cortejos, que são acompanhados por muitos moradores e turistas. A Festa Grande é um momento de muita fartura e luxo dedicado ao Divino Espírito Santo, tanto na distribuição de comidas como nas vestimentas e decorações. Também há realizações de missas. Para marcar a finalização da festa há o derrubamento do mastro, que é cortado, simbolizando o fim da festa. Outro ponto forte são as cacheiras, lideradas por senhoras idosas e com grande sabedoria no toque de caixa e experiencia nas festas do Divino. O festejo é uma marca identitária muito forte de Alcântara, durante seu período o turismo é intensificado e a cidade fica bastante movimentada. A sala do trono e todos os objetos ficam expostos durante o resto do ano na Casa do Divino, localizada na região central de Alcântara, na Rua Grande, que durante a festa é a casa do imperador ou imperatriz. É um casarão de estilo português, que pertenceu até o século XX a família Franco de Sá, uma das mais tradicionais da cidade. Seu último proprietário o vendeu em 1980 para Empresa Maranhense de Turismo e a partir de então passou a sediar a Casa do Divino.

 

Fontes/bibliografia: 

BRASIL. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos nacionais: norte, nordeste e centro-oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.

Pesquisador responsável: Drielle Souza Bittencourt

Fotografias/imagens:

https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g675032-d2388893-i129307197-Casa_do_Divino-Alcantara_State_of_Maranhao.html

 http://s2.glbimg.com/g3dYiQKjJIWOzr9868encfx4bKk=/620×465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/05/04/mastro.jpg

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