Os primeiros registros do Hotel Central em São Luís, datam de 1908, em fotografia de Gaudêncio Cunha, no livro “Maranhão 1908”, um álbum com mais de 160 imagens, que retratam São Luís e algumas cidades do interior do Estado, que foi encomendado pelo governador Benedito Leite, para a divulgação do Estado na Exposição Nacional de 1908 no Rio de Janeiro. O casarão registrado na fotografia, tinha estilo colonial com três pavimentos, localizado entre as Praças Pedro II e Benedito Leite, no centro da cidade, estava situado em um espaço bastante efervescente, no mesmo local onde hoje fica o Palácio do Comércio, cuja fachada podia-se ler no letreiro o seguinte nome: Hotel Central. Porém, como destaca Mário Meireles, no final da década de 1930, foi baixado um Decreto-Lei de nº 330, de 23 de dezembro de 1930, em que o próprio governador se obrigava a construir o palácio do comércio, e este deveria dispor de instalações para um hotel, que deveria ser constituído como um modelo para a hotelaria maranhense em moldes modernos e não mais com a estrutura colonial. No projeto original também constava a instalação de um museu permanente para exposição de produtos do Estado, que seria entregue a associação comercial. O que evidencia o interesse do poder público em produzir um espaço que pode-se fomentar o comércio no Maranhão, por meio da união de diferentes recursos. A construção do novo palácio do comércio, juntamente com as instalações, do hotel e do museu se iniciaram em 1º de maio de 1941, quando foi lançada a pedra fundamental, que acarretou na demolição do antigo prédio colonial que abrigava o Hotel Central, sendo construído em seu lugar um prédio com contornos “modernos”, que foi inaugurado em 4 de maio de 1943, abrigando na época as novas instalações do Hotel Central e da Associação Comercial do Maranhão. O prédio tinha a finalidade de desenvolver os serviços de hospedagem e hotelaria em São Luís, “de forma a suprir uma carência sentida até mesmo pelo presidente Getúlio Vargas, em 1934, em visita ao estado”, segundo explica o Guia de Arquitetura e Paisagem de São Luís e Alcântara (2008, p. 138). O novo hotel tinha equipamentos e ambientes, como restaurante e salão nobre na cobertura, e primava pelo conforto dos hóspedes, que faziam parte de uma clientela bem diversificada, indo desde autoridades a artistas internacionais. Implantado em um canto de quadra com acesso pela Praça Benedito Leite e compondo a paisagem da Praça Pedro II, o prédio apresenta planta complexa, com três escadarias para circulação vertical, em pontos diferentes do imóvel. (Guia de Arquitetura e Paisagem de São Luís e Alcântara, 2008). Fica evidenciado por intermédio dos relatos orais como o hotel era utilizado, não só por hospedes provenientes de outros lugares, mas também pela elite ludovicense: “Eu frequentava o hotel por que lá tinha um restaurante, lá tinha um salão de festas, onde tinha alguns eventos que o salão era utilizado: cerimônias, aniversários, casamentos. (Gustavo Marques, 2017). “O Hotel central, ficava ali ao lado da Igreja da Sé, então ali era o ponto, o ponto chique da sociedade de São Luís naquela época, ou seja, tinha hospedes ilustres, e a gente pegava a bagagem, colocava no elevador, e o meu serviço era esse, pegar a bagagem e ser o mensageiro, o mensageiro do hotel central. (COARACY, 2015)”. Lá no final dos Anos 1970, ainda era um ponto, assim, da intelectualidade da cidade, eu lembro que meu pai (Vitor Gonçalves, jornalista e cronista maranhense) ia pra lá pra encontrar com outros jornalistas, como Carlos Cunha, entre outros. Existia um restaurante e uma sorveteria que eram referências pra cidade de São Luís. (GONÇALVES, 2017). Uma das principais questões que levou ao fechamento do hotel foi o crescimento vertiginoso do turismo, sobretudo durante a segunda metade da década de 1970, culminando na construção de outros grandes empreendimentos hoteleiros na cidade, circunstâncias que levam o Hotel Central perder espaço para o turismo de lazer, que acaba substituindo o turismo de negócio ao qual o Hotel Central se destinava. “A partir dos meados dos anos 1970 outros hotéis começaram a surgir em São Luís, mas até a década de 1970 a referência de hospedagem em São Luís, era o Hotel Central.” (MARQUES, 2015).

Fonte/Bibliografia

COARACY, José Henrique. Gustavo. Entrevista Concedida a Jock Dean. São Luís, 15 mar. 2015.

GONÇALVES, Jandir. Entrevista Concedida a Paulo Leandro da Costa Moraes. São Luís, 20 ago. 2017.

LOPES, José Antonio Viana. (Org). São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Ed. Bilíngüe. Sevilha: Consejaría de Obras Públicas y Transportes, Dirección de Arquitectura y Vivienda, 2008.MARQUES, Gustavo. Entrevista Concedida a Jock Dean. São Luís, 15 mar. 2015.

MEIRELES, Mário Martins, História do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001.

REVISTA ELEGANTE, São Luís, 1898.

SILVA FILHO, José de Oliveira da. Tramas do Olhar: a arte de inventar a cidade de São Luís do Maranhão pela lente do fotógrafo Gaudêncio Cunha. Fortaleza. 2009. Disponível em: www.oestadodoma.com.br, Publicado em: 16 de março de 2015.

Pesquisador responsável: Paulo Moraes