Os Patrimônios Fantasmas são aqueles que foram destruídos ou abandonados pelos órgãos públicos, mas que ainda mantêm uma memória de sua existência pela comunidade e são referências fundamentais para uma identidade de grupo, ainda que difusa. Neste sentido, os patrimônios fantasmas podem representar o abandono ou a pouca presença do Estado na preservação de nossos patrimônios coletivos, mas eles também – mesmo que às avessas – constroem uma linha de continuidade com o passado que está presente na memória local, nas fotografias que são tiradas sobre aquele espaço, daquilo que muitas vezes se diz: “Não existe mais”.

Eles são fantasmas também porque, ainda que alguns possam estar fisicamente inteiros, eles não receberam a denominação de patrimônio, no sentido em que é conferido oficialmente como um exemplo de bem coletivo. Eles podem ser apenas vistos pelo poder público como algo sem valor, ainda que a comunidade reconheça ali o seu lugar de integração e de pertencimento. Enquanto patrimônios fantasmas, eles podem representar também o poder de resistir à amnésia social sobre uma história local, sobre um espaço onde outrora existia, por exemplo, um patrimônio fantasma imemorial, como uma dança que não é identificada como bem coletivo.