Fundado em 10 de agosto de 1896, por Maria Cristina Baima, da afamada Casa de Nagô, o Terreiro de São Benedito ou terreiro do Justino é um dos mais antigos de São Luís que ainda continua em funcionamento e realiza diversas festas ao ano. Embora o nome faça referência ao Justino, esposo de uma das mães de santo, a casa sempre esteve chefiada por mulheres. Como tradição de matriz africana, esse terreiro resiste, inventando e re-inventando sua tradição para manter-se. Atualmente está sob o comando de Raimunda Venância Souza Viegas (Dona Mundica) e além da Mina, são também realizados trabalhos de Cura/pajelança e sessões astrais (espíritas). Tem como entidades espirituais principais Averequete, Maria Bárbara Soeira e Iemanjá e é comandada pela entidade cabocla denominada Salineiro, da família de Rei do Junco.Fundado ainda no Século XIX, o Terreiro de São Benedito ou terreiro do Justino é um dos mais antigos de São Luís que ainda continua em funcionamento e realiza diversas festas ao ano. A casa vem buscando reconhecimento enquanto patrimônio imaterial há alguns anos, como forma de preservar sua memória. Em depoimento cedido à pesquisadora Marilande Abreu, que desenvolve pesquisa na casa, Dona Mundica, atual chefe, destaca: “queria muito que o terreiro fosse tombado como a Casa das Minas e Casa de Nagô, só nós três tamo de pé até agora, desse tempo mais antigo”. Segundo relatos orais esse terreiro foi fundado em 10 de agosto de 1896, por Maria Cristina Baima, da Casa de Nagô. Funciona no bairro da Vila Embratel, atrás da Universidade Federal, e está localizado em um terreno que outrora era um grande sítio; contudo sofreu inúmeras invasões. Atualmente está sob o comando de Raimunda Venância Souza Viegas (Dona Mundica), que reside na casa e a chefia desde que morreu a terceira chefe, dona Antônia, que a iniciou. Dona Mundica recebe entre outros o vodun Pai Averequete e o caboclo Seu Salineiro. Além da Mina, na casa são também realizados trabalhos de Cura/pajelança e sessões astrais (espíritas) e tem como entidades espirituais principais Averequete, Maria Bárbara Soeira e Iemanjá e é comandada pela entidade cabocla denominada Salineiro, da família de Rei do Junco. Realiza várias festas ao ano como a tradicional queima de palhinhas do presépio, Bancada das Tobossis (entidades femininas – senhoras), Aleluia, Festa do Divino, São João, São Pedro, Santana, São Benedito, Cosme e Damião, São Francisco, Santa Bárbara, Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia, Dia de Todos os Santos. Abreu assegura que “a busca de um terreiro pelo reconhecimento como patrimônio imaterial é legítima e necessária para que outras vozes possam ser ouvidas na pluralidade de práticas culturais que constituem a identidade nacional.” (ABREU, 2015, p.13) Assim, se a ideia de patrimônio está atrelada a uma comprovação histórica de um grupo que deixou sua memória, a referida casa de culto, sendo uma das mais antigas, juntamente com a Casa das Minas (Tombada pelo IPHAN) e a Casa de Nagô, (tombada pelo Estado/SPC) merece ser pensada como tal, assim como o extinto Terreiro do Egito. Além do mais a atual chefe, não preparou sucessora, o que pode culminar no desaparecimento do culto. Inclusive, “trabalhos etnográficos indicam a importância histórica e antropológica do Terreiro do Justino, […]. O terreiro apresenta aspectos materiais e imateriais importantes para a cidade de São Luís e para a história dos afrodescendentes.” (ABREU, 2015, p.06). Ainda de acordo com Abreu, na década de 1970, a Universidade Federal do Maranhão, já instalada no centro da capital, recebeu através de doação da arquidiocese de São Luís\MA, um terreno para fundar o campus e ampliar o número de cursos. Nessa área residiam inúmeras famílias que foram desabrigadas e deslocadas para a instalação da universidade no lugar onde atualmente localiza-se a cidade universitária. […] Na década de 1970, os políticos e a direção da UFMA garantiram que dariam novas casas para os desalojados, mas como não o fizeram, um número de famílias migrou para a área do terreiro e construíram suas moradias.  Em consequência dessa ocupação, outras vieram, e atualmente o terreno dessa casa de culto se reduz a uma pequena área verde, em meio a barrancos, escuridão e medo, devido à violência que se instalou nessa área periférica da capital.

Fonte/Bibliografia:

ABREU, Marilande Martins. A ressignificação da tradição de um terreiro de mina em São Luís\MA: O terreiro de São Bendito\Justino e a luta pelo reconhecimento como patrimônio imaterial.

FERRETI, Sergio. Repensando o Sincretismo. São Paulo: Editora USP / São Luís: FAPEMA, 1995.

NUNES, H. R. Perseguição religiosa: a pajelança na imprensa codoense entre os anos de 1894-1896. Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, São Luís, n. 34, p. 9-12, jun. de 2006.

Pesquisador responsável: Reinilda Oliveira

Fotografia/ imagem:

Acervo: Museu afrodigital do Maranhão