Parte fundamental do artesanato no município de Raposa – MA a renda de bilro (também conhecida como renda de almofada) consiste na utilização de um rebolo com palha ou algodão, um cartão com um desenho pré-existente (chamado de picado na região da Raposa e pinicado no Ceará), alfinetes e bilros (peças de madeira torneada), técnica trazida pelas mulheres quando da migração do Ceará para o Maranhão na ocupação da região durante a década de 1950. Quanto mais complexa é a peça, maior é a quantidade de bilros utilizados na confecção. Outros instrumentos foram incorporados à produção da renda de bilro atualmente sem, contudo, descaracterizá-la, como a linha industrial no lugar do algodão ou da palha. Também são utilizados artigos como tesouras, agulha de costura manual, alfinetes e papel Paranã. Segundo informações constantes no blog da própria Associação das Rendeiras, os nomes dos pontos realizados com a linha, algodão ou palha, podem variar de região para região, sendo os mais utilizados na Raposa: pano de urupema, trança, dente de rato, pingo d’água, meio trocado e o trocado inteiro. Intimamente ligada à atividade pesqueira, majoritariamente masculina, as rendeiras, como são conhecidas as artesãs, fundaram em 1988 a Associação das Rendeiras da Raposa como forma de estruturar os trabalhos cooperativos e artesanais da região, organizar sua produção, distribuição e comercialização, além da preocupação com a difusão e ensino da técnica para as gerações mais jovens. A sede da Associação, hoje denominada Associação das Rendeiras Bilro de Ouro, foi cedida pela Prefeitura e se encontra localizada na Travessa Formosa, Rua da Lavanderia, n° 223, Bairro Carcarape, também conhecida como “corredor das rendeiras” devido à concentração de inúmeros pontos de vendas voltados para a comercialização de artesanato tipicamente local. A confecção de peças como toalhas de mesa, colchas de cama, guardanapos, tapetes, blusas ou varandas de redes demonstram a variedade de possibilidades de utilização desta técnica e seus desdobramentos comerciais, de vital importância para as atividades econômicas dos moradores do município de Raposa. Muito embora seja reconhecidamente uma atividade econômica de grande importância para a região, impulsionando o turismo juntamente com os passeios náuticos pelas praias da Raposa, sua culinária e folclore, originalmente as rendeiras praticavam essa atividade sem remuneração, exercendo dentro do círculo familiar ou ligada a devoção com a fé católica muito presente especialmente durante o Natal. O caráter de “profissionalização” da atividade rendeira se confirma com a fundação da Associação, proporcionando assim uma centralização física das atividades, uma vez que eram desenvolvidas na própria residência das rendeiras. No entanto, segundo os relatos das próprias rendeiras, a relativa falta de interesse das “novas gerações” em aprender a técnica da confecção da renda de bilro motiva    a manutenção deste modo de fazer tradicional através de oficinas e capacitações permanentes organizadas pela Associação.

 

Fontes/bibliografia:

 

PITTA, Ludmilla Nogueira de Macedo. Trabalho manual: a técnica da renda de bilro como elemento de promoção de saúde. Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Saúde Pública do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará.

SOARES, Simone Miranda. Redes e rendas: técnicas e gênero em Raposa/MA. Disponível em http://www.fazendogenero.ufsc.br/9/resources/anais/1278292146_ARQUIVO_texto.fazendogenero_genero.pdf

ZANELLA, Andrea Vieira; BALBINOT, Gabriela; PEREIRA, Renata Susan. A renda que enreda: analisando o processo de constituir-se rendeira. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/es/v21n71/a11v2171.pdf

 

Pesquisador responsável: Leonardo Leal

 

Fotografias/imagens:

http://mmtreinamento.wixsite.com/pesquisa-artesanato/blank-13

https://www.matraqueando.com.br/raposa-dos-bilros-as-fronhas-maranheses

http://fotostrada.com.br/blog/tag/rendas-de-bilro/