Município Atual: São Luís – MA

Na primeira metade do século XX, quando São Luís ganhava ares modernos, saindo de uma economia agrário-exportadora para urbano-industrial, surgiram alguns cines-teatros na capital distribuídos pelos bairros periféricos e instalados, em sua maioria, próximos às fábricas e às vilas operárias da cidade. Como destaca uma reportagem do programa Repórter Brasil (2015) “de acordo com alguns historiadores o surgimento dos primeiros cinemas na capital maranhense se deu com a criação de bairros operários e a expansão da classe média”. Esse passado áureo dos cinemas mantém íntima relação com a instalação das fábricas na ilha, tais como; a Companhia Industrial Carioca no bairro Areal (atual Monte Castelo), a Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil na vila do Anil, onde hoje funciona o Centro Integrado Rio Anil (Cintra) e ainda o complexo industrial do Centro / São Pantaleão / Fabril / Camboa, cuja mão de obra era advinda do Lira, Belira, Codozinho e Madre Deus. Nesses bairros surgiram os primeiros cinemas, como cine Passeio, Edén, Roxy, Rival, Rivoli, Rex, cine Anil e Monte Castelo. Sendo monopolizados por duas famílias de origem libanesas, Dualibe e Tájra.

O começo do século XX era a época clássica do cinema ludovicense, a construção do ideal da Belle époque europeia invadia São Luís, e com ele a construção de um modo de vida, que buscava se apropriar da cultura europeia. Neste contexto surge o cine Edén, que pertencia ao empresário libanês, Moyses Aziz Tájra e teve sua inauguração em 1919, ele foi projetado inicialmente para ser um teatro, possuindo dois pavimentos com dois salões, um inferior e outro superior, para o encontro da alta sociedade. A capacidade era de 1.200 a 1.300 lugares. Esse cinema era de elite e geralmente exibia filmes que eram lançamentos. De acordo com o pesquisador, Deusdédit Carneiro, “o cinema era aberto para festas carnavalescas, bailes de mascaras, e esse era o momento em que a população podia participar, já que lá era um cinema para as elites no geral.” Sotero Vital, morador do centro há anos destaca que viu muitos filmes ali e lamenta seu fechamento súbito. “Eu frequentei muito aquele cinema, como morava no centro era fácil de ir, me lembro que assisti aquele filme clássico com John Travolta, Nos tempos da brilhantina, tinha os bailes também, mas eu não ia para esses, isso lá nos anos 80”. A decadência desse projeto veio com a modernização dos meios de comunicação. Segundo Rosa Santos, o cinema foi sendo substituído gradativamente pelos programas de rádios. O pesquisador Carlos Lima, em entrevista para o curta metragem “Marisa vai ao cinema”, fala do fechamento do cinema. “Não tive conhecimento de nenhum protesto contra o fechamento do Éden, não houve, assim um movimento nem dos artistas conterrâneos e nem dos cinéfilos maranhenses, apenas se lamentavam que tivessem fechado o Éden.”  O espaço ficou um tempo fechado e atualmente funciona a Loja Marisa.

Referências/ fontes

AZEVEDO. Sotero Vital Nunes de. 2017. Entrevista concedidas a Reinilda Santos.

LEITE, Deusdédit Carneiro. 2017. Entrevista concedidas a Reinilda Santos.

MARISA VAI AO CINEMA – Murilo Santos e Ione Coelho.  Ficção. 15’00” . MA . 1995 . Livre

MOREIRA NETO, Euclides Barbosa. Primórdios do cinema em São Luís. São Luís: Cineclube Uirá,. 1977.

SANTOS, Roza. 2017. Entrevista concedidas a Reinilda Santos.

Pesquisador Responsável: Reinilda Oliveira