Tendo sido criada por meio de iniciativa privada a partir dos 1840, a Escola Sociedade 11 de Agosto, surge em oposição à educação elitista que era administrada no Liceu Maranhense. Voltada para o ensino da leitura, da escrita e da contagem, buscava atender a população mais pobre da cidade e proveniente do setor operário, buscando ainda oferecer cursos profissionalizantes. Estabeleceu-se como importante instituição de atenção à comunidade de baixa renda. Porém teve atuação bastante efêmera, pois sofreu com intervenções do setor público que por fim, em 1884, decide instalar no prédio em que funcionava a escola a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, interrompendo o empreendimento de uma Escola popular no Estado. Com as novas perspectivas da província do Maranhão em torno da organização e expansão das práticas educativas iniciada em 1827 e a ampliação desse empreendimento na década de 30 e 40 pelo governo provincial, com a fundação do Liceu Maranhense (1837), que atendia, sobretudo, as classes mais abastadas do estado. Mas em contraposição a essa educação elitista, vão se formando instituições voltadas ao ensino do ler, escrever e contar, a parcelas mais pobres da sociedade, visando à profissionalização do operariado. Nesse contexto é criada a escola Sociedade Onze de Agosto, que tinha por interesse oferecer cursos a todos que compunham a classe operária, que buscavam instrução nas primeiras letras e em conhecimentos voltados a indústria, o comércio e a lavoura, tendo como diferencial, o ensino noturno, que visava atender aquele nicho em especial. Essa escola foi formada a partir da iniciativa de alguns intelectuais maranhenses, entre eles: Antônio de Almeida Oliveira, que era defensor da educação republicana e popular; e João Antônio Coqueiro, que fora professor na instituição. Sendo instalada em prédio localizado na Rua do Egito que tendo passado por reformas e adaptações, “[…] ficou construído um novo edifício que não deixou a desejar, reabrindo-se as aulas dos diferentes cursos já iniciados, sendo aprovados outros. O ensino era feito sem remuneração para a classe laboriosa ocupada em outros misters” (REVISTA ELEGANTE, 1898, p. 2).Tendo sido fundada por empreendimentos particulares, a escola foi gradativamente recebendo apoio do poder público para a compra e reforma do prédio, bem como na aquisição de materiais escolares, organização e adaptação de mobiliários. Porém, por acreditar, o poder provincial ter direitos de interferir nas atividades escolares, e, sobretudo na ocupação do prédio onde fora instalada a escola popular, decide ocupá-lo com a biblioteca pública provincial. Com o tempo passa a se chamar biblioteca popular, que aliada às constantes tentativas de utilizar as dependências do prédio para a instalação do Liceu em 1876, acaba entrando em embate com a diretoria da sociedade. As constantes inferências do Poder público à escola Sociedade Onze de Agosto acabaram interferindo no funcionamento da instituição, fazendo com que Jose Manoel de Freitas, então Presidente da província, mandasse que fossem indenizados os credores da sociedade 11 de Agosto, passando o prédio o poder provincial, por meio do art. 11 da Lei n. 1155 de 5 de setembro de 1876. Com isso o prédio passou a abrigar a Sociedade Maranhense Protetora dos alunos pobres em 1877, sendo montada a biblioteca pública e restabelecida a aula noturna, “tendo início desde 1º de agosto de 1882, com uma frequência média de cem alunos, constante de operários das fundições, aprendizes de alfaiate, marceneiro, sapateiro” (REVISTA ELEGANTE, 1898, p. 3). Porém em 1884, por determinação dos deputados e presidente da província a assembleia legislativa do Estado passa a ocupar aquele prédio, alegando a falta de acomodações adequadas em outros estabelecimentos, o que acaba desestabilizado definitivamente as atividades da Sociedade Onze de Agosto e o funcionamento da Biblioteca pública.  Acabou-se assim a existência tão útil da Sociedade 11 de Agosto. Todavia, as energias ali dispensadas, semelhante ao que se passa nos domínios da mecânica, não se consumirem, senão se transformaram, não somente construindo cidadãos instruídos que abraçaram várias profissões em que denotaram a cultura de nossa terra, mas ainda legando este edifício que, perpetuando a memória dessa Sociedade, forma um patrimônio do ensino, nesta Capital, vastamente conhecida por Escola Noturna, Escola do Povo, Escola Popular 11 de Agosto (FERREIRA, 1933, p.24).

Fonte/Bibliografia

CASTELLANOS, Samuel Luis V. Práticas leitoras no Maranhão na Primeira República: entre apropriações e representações. São Luis: EDUFMA, 2010.

CASTELLANOS, Samuel Luis Velázquez; CASTRO, Cesar Augusto. Uma instituição de ensino popular no Maranhão Império: A Sociedade Onze de Agosto. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, nº 62, p.83-97, mai2015 – ISSN: 1676-2584.

FERREIRA, Justo Jansen. A Escola 11 de agosto. São Luis: IHGE/MA, 1933

MEIRELES, Mário Martins, História do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001.

REVISTA ELEGANTE, São Luis, 1898.

SILVA FILHO, José de Oliveira da. Tramas do Olhar: a arte de inventar a cidade de São Luís do Maranhão pela lente do fotógrafo Gaudêncio Cunha. Fortaleza. 2009.

Disponível em: www.oestadodoma.com.br, Publicado em 16 de março de 2015.

 

Pesquisador responsável: Paulo Moraes

Fotografia imagem: Jornal O novo Mundo, New York, v.5, n. 53, 22, fev. 1985.